domingo, 19 de dezembro de 2010

17.12.2010 - DAMÁSIO UMA GRANDE PREOCUPAÇÃO E SUSTO

Novamente tivemos um grande susto com o vô. O mesmo problema de sempre (não detalhado por motivos óbvios). Mas foi imenso o meu sofrimento. Fomos para São Paulo às 13h00 e chegamos ao Einsten às 17h exatos 05 minutos antes dele ser levado.
Entrei numa UTI (maravilhosa, se é que alguma UTI pode ser maravilhosa). Mas não tinha cheiro ruim de remédio, etc... Estava mais para hotel que hospital. Entrei sozinha no quarto e lá estava o meu velho, eu disse: "pai"?
e ele fez como de costume: "Ahhhhhhhh"
Eu cheguei perto e tentando levantar os ânimos disse:
"eu vim aqui ver qual é a sem vergonhiçe desta vez"
Ele fechou os olhos e chorou. Aí, imaginem (foi muito FFFF segurar), mas segurei.
Ele já estava medicamentado e um pouco sonolento.
Eu disse: "Pai, eu estou aqui e ficarei ali na sala de espera, sem arredar o pé um minuto até te ver de novo".
E por um momento virei mãe dele, fiz o sinal da cruz na testa dele e disse: "vai dar tudo certo, o senhor está no melhor lugar que poderia, nas mãos dos melhores proficionais".
Eu disse:" Pai eu te amo, vai com Deus, confia nele" E ele respondeu: "Você é a minha Rosana".
Logo entraram uns enfermeiros e o levaram, e eu o segui até onde pude, cega, completamente cega.
Sai...destruída...e chorei o quanto pude, mas pouquíssimo perto do sentimento.
A cirurgia durou até as 21h30 e correu tudo bem, ele se manteve instável e recebíamos via sms mensagens do anestesista nos colocando a par do andamento cirúrgico.
Após terminada, o vimos passar em direção ao quarto 512 anexo A e pude ver aquele cabelinho branco, deitado de lado...
Só me permitiram entrar às 24h, entrei com a Nathália e aí foi um momento único.....ele ainda estava bem sonolento, mas puxava a Nathália e apontava pra mim (querendo dizer: "olha ela etsá aqui"), fez isso umas três vezes.
Aí ele me fez um sinal tipo tesoura com os dedos (lógico, ele queria saber se ele havia sido operado), fingi não entender e fui salva por outra equipe que entrou para tirar uma radiografia.
Saímos por pouco minutos e entramos de novo....mesmo sinal. Eu disse: "O senhor quer saber se foi operado"? E ele fez que sim.
Respondi:" foi sim, o médico localizou o problema e... (enfim expliquei suavemente e superficialmente o que havia sido feito).
Aí ai disse: "Na? Ele é lindo né?" E ele fez não com a cabeça e me apontou. Em seguida me apontou de novo e colocou o dedo no coração....
A Nathália disse: "Vô, quer dizer que o senhor ama mais ela do que eu?" e ele fez que sim com a cabeça.
E repetiu o gesto, me apontou e punha a mão no coração.
Não pudemos ficar muito porque ele precisava descansar.
Saimos, as duas, mortas, destruídas, sem pernas, sem enxergar a saída...

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