quarta-feira, 30 de junho de 2010

Marina vai à exposição “Corpos” no Ibirapuera


A mostra "Corpos - A Exposição" vai na contramão e se vale do mais simples, verdadeiro e real para impressionar. De volta à Oca, no Parque do Ibirapuera, a exibição aposta no naturalismo de corpos humanos reais, em carne e osso, e mais órgãos, músculos, nervos e muitos vasos sanguíneos para arrebatar o público. E deve conseguir.
Os espécimes podem facilmente tirar o fôlego - e o apetite - dos visitantes mais sensíveis, por isso vale encarar o passeio como uma privilegiada aula de ciência. Como se tivessem sido pausados pelo controle remoto, corpos humanos se exibem em posições que simulam movimentos de atividades físicas. Logo no primeiro piso, um corpo está posicionado para um arremesso de basquete. Pés paralelos e joelhos flexionados sustentam um complexo conjunto de órgãos que transparecem do tronco entrecortado. Pulmões, coração, estômago, intestinos, bexiga. Está tudo ali. Em ano de Copa do Mundo, o futebol não podia ficar de fora. Um corpo arqueado se equilibra num pé só, no instante em que toma impulso com o pé esquerdo para chutar uma bola. Mais além, outro exemplar da nossa espécie está de pé, com um dos braços erguidos, prestes a disparar um dardo.
Desde 2007, quando a exposição foi visitada por 450 mil pessoas em São Paulo, o avanço das técnicas de dissecação permitiu mais realismo à mostra. O processo de embalsamamento, complexo, faz uso de alguns truques. Trazidos de faculdades médicas da China, os corpos passam por um tratamento que leva cerca de um ano e meio e envolve acetona e silicone líquido, que é enrijecido para simular o tônus natural. Depois disso, cada músculo é pintado cuidadosamente com os tons que ostentavam quando seus donos ainda estavam vivos.
"Logo após a morte, os tecidos perdem a coloração e ganham um aspecto cinzento. Esse processo também serviu para disfarçar isso e deixar um ambiente mais agradável aos visitantes. Além de parecerem saudáveis, os corpos não têm cheiro", diz o diretor médico da mostra, Roy Glover, professor emérito de Anatomia e Biologia Celular da Universidade do Arizona (EUA). Segundo ele, todos os modelos selecionados morreram de causas naturais. "O corpo é uma dádiva e deve ser usado com respeito para durar bem por uma vida longa. Essa é a mensagem", diz Glover.
No piso inferior, uma das seções foi montada isolada das demais e traz um aviso na entrada para precaver um possível mal-estar. Fetos em desenvolvimento são exibidos em frascos, e é possível observar o andamento da formação dos órgãos com o passar das semanas de gestação. Também aqui os modelos fetais morreram ainda no útero materno, em decorrência de complicações. O mais chocante é um grande feto de 30 semanas, disposto numa cuba de vidro, já com as feições prontas. Há apenas um corpo de mulher, no segundo piso, no qual o aparelho reprodutivo ganha explicações aprofundadas sobre seu funcionamento.

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